O ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, compareceu à sede da Polícia Federal (PF) em Brasília na tarde desta quinta-feira para prestar depoimento no inquérito que investiga possíveis interferências da corporação no segundo turno das eleições de 2022.
Durante o depoimento, Silvinei Vasques negou veementemente o uso de seu cargo para favorecer o então presidente Jair Bolsonaro. Ele afirmou que as ações da PRF durante as eleições seguiram estritamente as diretrizes estabelecidas pelo Ministério da Justiça. Além disso, o ex-diretor negou ter tido acesso à planilha encontrada no celular de uma ex-servidora do governo, contendo dados sobre as regiões onde o candidato Luiz Inácio Lula da Silva liderava a disputa.
Silvinei Vasques chegou à sede da PF em Brasília por volta das 14h, já apresentando sinais de mal-estar e pressão alta. Ele recebeu atendimento dos bombeiros antes de iniciar o depoimento aos investigadores. A oitiva durou aproximadamente três horas.
Após o depoimento, os advogados de Silvinei Vasques conversaram com a imprensa e declararam que nenhuma proposta de acordo de colaboração premiada foi apresentada às autoridades e que seu cliente não tem interesse em realizar tal delação. Segundo os advogados, Silvinei Vasques é uma pessoa íntegra e não se envolveria em práticas criminosas. “Delação premiada é para criminosos. Ele é uma pessoa do bem, um herói nacional”, afirmou o advogado Eduardo Pedro Nostrani Simão.
A previsão é que Silvinei Vasques permaneça detido em Brasília, sendo descartada a possibilidade de transferência para Florianópolis, cidade onde reside. A defesa entregou documentos que, segundo eles, comprovam a inocência do ex-diretor da PRF e aguarda a revogação da prisão preventiva.
A defesa também levantou a suspeita de perseguição política, uma vez que não existem elementos que comprovem as acusações. “Verificamos que o delegado foi induzido ao erro. Com base nas provas apresentadas, ele chegará à conclusão de que essa prisão foi desnecessária”, acrescentou Simão.
Silvinei Vasques, aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi preso em Florianópolis na última quarta-feira durante a Operação Constituição Cidadã. Seu celular também foi apreendido. A Polícia Federal busca esclarecer os detalhes de uma reunião ocorrida em 19 de outubro de 2022, onze dias antes do segundo turno das eleições, envolvendo diretores, superintendentes e coordenadores gerais da PRF. Durante essa reunião, o uso de celulares foi proibido.
As mensagens trocadas entre o policial rodoviário federal Adiel Pereira Alcântara, ex-coordenador de análise de inteligência da PRF, e o então diretor de inteligência Luís Carlos Reischak Júnior chamaram a atenção dos investigadores. No diálogo, há indícios de uma orientação para uma ação ostensiva no dia 30 de outubro, data do segundo turno das eleições, com menção a abordagens de ônibus que transportam passageiros de São Paulo para o Nordeste.