O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou um aumento de 0,12% no mês de julho, superando as projeções do mercado, que esperavam uma variação de 0,06%, de acordo com dados do Projeções Broadcast. Essa elevação fez com que a inflação acumulada em 12 meses voltasse a subir, atingindo 3,99%, em comparação com os 3,16% registrados no período de um ano encerrado em junho.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), esse aumento foi impulsionado principalmente pelo reajuste dos combustíveis, em especial da gasolina, que teve um aumento de 4,75% no mês. De acordo com o analista André Guedes, gerente do IPCA no IBGE, se excluíssemos a gasolina do cálculo, o índice registraria uma deflação de 0,11%. Essa alta foi influenciada pela retomada da cobrança da alíquota cheia de PIS/Cofins sobre a gasolina a partir do dia 1º de julho.
Ao comentar sobre o resultado do IPCA de julho, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, admitiu que o aumento de 0,12% ficou um pouco acima das expectativas do mercado. No entanto, ele reafirmou que a inflação está retornando à meta estabelecida.
Campos Neto destacou que a inflação acumulada em 12 meses é um pouco distorcida devido à desoneração dos combustíveis no segundo semestre de 2022, que reduziu significativamente a inflação. Ele ressaltou que a inflação dos últimos seis meses é igual à inflação de um ano. O presidente do Banco Central também afirmou que a instituição tem observado com maior atenção a inflação dos serviços, que tem apresentado uma queda mais lenta. Ele explicou que há dificuldade na contratação de mão de obra em alguns setores, enquanto em outros há um excesso de mão de obra disponível. A parte dos núcleos de serviços está acima da meta estabelecida, mas os números atuais nessa área foram um pouco melhores.
Para Alexandre Maluf, economista da XP Investimentos, houve uma clara melhora nas métricas de serviços e nos núcleos do IPCA, o que provavelmente aumentará as expectativas de um corte de 0,75 ponto percentual na taxa Selic já em setembro. No entanto, Maluf ressalta que os dados de inflação continuam consistentes com cortes de 0,50 ponto na Selic nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), com a taxa encerrando o ano em 11,75%.
Daniel Karp, economista do Santander, avaliou que, apesar do aumento em relação a junho, a leitura do índice é favorável em termos qualitativos. As surpresas positivas em relação à inflação futura foram menos relevantes, enquanto as surpresas negativas concentraram-se nos serviços, grupo mais inercial e relacionado aos núcleos, que são mais relevantes para sinalizar a trajetória da inflação futura. Além disso, houve também uma queda na difusão dos aumentos de preços, indicando que a inflação está menos disseminada atualmente.