A Síntese de Indicadores Sociais (SIS), divulgada nesta quarta-feira (7/12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelou que a desigualdade de renda atingiu o seu menor patamar em uma década.
De acordo com o Índice de Gini, que mede a distribuição de renda numa escala de 0 a 1, sendo 0 para uma distribuição igualitária e 1 para uma distribuição extremamente desigual, o índice registrado em 2022 foi de 0,518. Essa marca representa uma redução de 4,8% em relação ao ano anterior e é a menor desde o início da série histórica da pesquisa, em 2012. O pico da desigualdade ocorreu em 2018, quando o índice atingiu 0,545.
O IBGE também estimou como seria o índice em cada ano caso não houvesse programas sociais governamentais, como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC). Nessa análise, a desigualdade também teria diminuído em 2022 (0,548) em comparação com anos anteriores. No entanto, o ponto mais baixo teria sido em 2015 (0,540), enquanto o mais alto ocorreria em 2020 (0,573).
Segundo o relatório do instituto, os benefícios dos programas sociais contribuíram para a redução da desigualdade em 2022, mas não foram os únicos responsáveis por esse cenário. O mercado de trabalho também teve influência nesse resultado. A existência dos benefícios fez com que o índice do ano passado fosse 5,5% menor do que seria sem esses programas.
A pandemia da Covid-19, a partir de 2020, trouxe um aumento nos pagamentos dos benefícios, com a implementação do Auxílio Emergencial. Isso resultou na queda do índice geral de desigualdade de 0,544 em 2019 para 0,524 em 2020, o menor nível até então (igual ao registrado em 2015). Em 2021, houve um novo aumento, retornando ao mesmo patamar de 2019. O IBGE atribui essa variação à redução dos auxílios combinada com o enfraquecimento do mercado de trabalho. No entanto, no final de 2021, foi criado o Auxílio Brasil, inicialmente no valor de R$ 217 e posteriormente reajustado para R$ 400 em abril de 2022 e R$ 600 em junho.
Caso não houvesse o Auxílio Emergencial em 2020, o índice teria aumentado consideravelmente. E sem o Auxílio Brasil em 2022, a redução na desigualdade teria sido um pouco mais lenta.
Ao analisar as regiões brasileiras, o Nordeste apresenta o maior índice de Gini, com valor de 0,517. Em seguida estão as regiões Norte (0,509), Sudeste (0,505) e Centro-Oeste (0,593). A região Sul é a menos desigual do país, com um índice de 0,458.
Em relação a 2021, o Nordeste teve a maior redução na desigualdade (0,556), com uma queda de 7%, seguido pelo Sudeste (0,533 em 2021, queda de 5,3%). As demais regiões também tiveram diminuição na desigualdade, porém em menor intensidade.
Conforme a estimativa do IBGE, os benefícios sociais fizeram o índice ser 11,6% menor no Nordeste (0,585 sem os programas) e 8,9% menor no Norte (0,559 sem os programas), onde está concentrada a maior proporção de beneficiários de auxílios do governo. Nas demais regiões, o impacto dos programas é menor: 3,7% no Centro-Oeste, 3,1% no Sudeste e 2,6% no Sul.