No primeiro semestre de 2023, o Brasil enfrentou um declínio significativo no número de empresas em operação. De acordo com dados do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), cedidos pela Contabilizei ao g1, um total de 427.934 empresas fecharam as portas no país, englobando negócios de todos os portes, exceto os Microempreendedores Individuais (MEIs).
Essa queda no número de empresas é uma tendência que vem se intensificando desde o quarto trimestre de 2021. Desde então, mais de 750 mil empresas foram eliminadas da economia brasileira. No mesmo período, foram abertas 2,08 milhões de empresas, enquanto 2,83 milhões foram fechadas.
O setor industrial é o mais afetado por essa crise empresarial, apesar de representar a menor parcela quantitativa no levantamento. No segundo trimestre deste ano, três vezes mais empresas industriais foram fechadas do que abertas. Enquanto 7.810 empresas industriais foram inauguradas, 25.151 encerraram suas atividades.
A situação também é preocupante nos setores do comércio e serviços. O comércio registrou o pior desempenho absoluto, com o fechamento de 129.515 empresas e a abertura de apenas 61.685 estabelecimentos no segundo trimestre de 2023. Já os serviços fecharam 196.651 empresas e abriram outras 133.836 no mesmo período.
Esse período difícil para as empresas foi marcado por diversas dificuldades na gestão financeira e alto nível de endividamento da população. Guilherme Soares, vice-presidente de aquisição e receita da Contabilizei, ressalta que muitos empreendedores estão voltando ao trabalho assalariado devido à reaquecimento do mercado de trabalho formal.
Apesar desse cenário desafiador, as micro e pequenas empresas se destacaram na criação de empregos formais. Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), esses negócios foram responsáveis pela criação de quase 710 mil vagas de trabalho no primeiro semestre, correspondendo a cerca de 70% do total de vagas com carteira assinada geradas nesse período. Esses resultados seguem a tendência registrada nos primeiros semestres de 2021 e 2022.
No entanto, é importante destacar que a desaceleração econômica também se reflete nos pedidos de seguro-desemprego. Em junho, foram registrados quase 7 milhões de solicitações, a maior quantidade desde o início da pandemia de Covid-19, superando a média observada entre 2018 e 2019.
A situação atual requer atenção por parte das autoridades governamentais e empresários para buscar soluções que possam impulsionar a recuperação econômica do país e garantir a sobrevivência das empresas em meio a esse contexto desafiador.