Uma revelação preocupante veio à tona nesta segunda-feira, 13, envolvendo Luciane Barbosa Farias, esposa de Clemilson dos Santos Farias, conhecido como Tio Patinhas e líder do Comando Vermelho. De acordo com informações confirmadas pelo Ministério da Justiça, Luciane foi recebida por assessores do ministro Flávio Dino em duas ocasiões neste ano.
A presença de Luciane nas dependências do Ministério da Justiça levantou questionamentos sobre a segurança e a relação entre o governo e o crime organizado. Clemilson dos Santos Farias já figurou no topo da lista dos mais procurados pela polícia do Amazonas e atualmente cumpre uma pena de 31 anos no presídio de Tefé (AM).
Luciane também foi condenada no mesmo processo que seu marido, por crimes como lavagem de dinheiro, associação para o tráfico e organização criminosa. No entanto, ela aguarda em liberdade o resultado do recurso apresentado.
Segundo o Ministério da Justiça, as reuniões foram solicitadas pela Associação Nacional da Advocacia Criminal (Anacrim) e contaram com a presença de diversas advogadas. Luciane, que é esposa do líder do Comando Vermelho, não foi a requerente da audiência, mas sim uma entidade de advogados.
Ainda segundo informações apuradas pelo Estadão, Luciane costuma circular por Brasília acompanhada da advogada Camila Guimarães de Lima e da ex-deputada estadual pelo Psol Janira Rocha (RJ). Essas conexões levantam ainda mais suspeitas sobre o envolvimento dela com o crime organizado.
As reuniões de Luciane ocorreram com Elias Vaz, secretário Nacional de Assuntos Legislativos, e Rafael Velasco Brandani, secretário Nacional de Políticas Penais. Ela também se encontrou com Paula Cristina da Silva Godoy, titular da Ouvidoria Nacional de Serviços Penais, e Sandro Abel Sousa Barradas, diretor de Inteligência Penitenciária. Vale ressaltar que todos esses assessores foram nomeados diretamente por Flávio Dino.
Em suas redes sociais, Luciane relatou sua visita ao Ministério da Justiça e afirmou ter feito denúncias de revistas vexatórias no sistema prisional do Amazonas, além de apresentar um dossiê sobre violações de direitos fundamentais e humanos supostamente cometidas pelas empresas que atuam nas prisões do Estado. No entanto, não ficou claro a qual votação ela se referiu em sua postagem.
O processo penal ao qual Luciane e seu marido respondem descreve Clemilson como uma pessoa extremamente perigosa e sem consideração pela vida alheia. O Ministério Público do Amazonas afirmou que seu patrimônio é proveniente do tráfico de drogas e que ele costuma ser cruel com seus devedores, chegando a tirar suas vidas quando os crimes em que estão envolvidos os tornam credores.
Já sobre Luciane, o Ministério Público destacou seu papel como braço financeiro das operações do marido, ocultando valores provenientes do narcotráfico através da aquisição de bens de luxo e criação de empresas de fachada. Ela conquistou a confiança da cúpula do Comando Vermelho graças ao seu trabalho nesse sentido.
Outro ponto alarmante é o envolvimento da ONG criada por Luciane, a Associação Instituto Liberdade do Amazonas (ILA), com membros do Comando Vermelho. Segundo investigações sigilosas, a organização seria apenas uma fachada para perpetuar a facção criminosa e obter capital político para negociações com o Estado. As ações sociais realizadas pela entidade seriam financiadas pelos próprios membros do Comando Vermelho.
Diante desses fatos, fica evidente a importância de uma investigação aprofundada sobre o relacionamento entre Luciane Farias, o Comando Vermelho e os assessores do ministro Flávio Dino. A segurança e a integridade das instituições brasileiras estão em jogo, e é fundamental que todas as medidas necessárias sejam tomadas para garantir a justiça e o combate ao crime organizado.