O hacker Walter Delgatti Neto, conhecido por sua participação na Operação Spoofing, foi condenado pelo juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal, a 20 anos e um mês de prisão. A operação, que teve início em 2019, investigou o vazamento de diálogos entre procuradores da extinta força-tarefa da Lava-Jato.
A sentença foi dada com base nos crimes de organização criminosa, lavagem e ocultação de bens, direitos e valores. Delgatti invadiu dispositivos informáticos alheios com o objetivo de obter, adulterar ou destruir provas.
O magistrado destacou a gravidade dos ataques cibernéticos realizados por Delgatti, que foram direcionados a diversas autoridades públicas e agentes responsáveis pela persecução penal. Além disso, o hacker também atingiu indivíduos com destaque social. Basta verificar as contas que tiveram conteúdo exportado para constatar o alcance dessas ações.
A reincidência do réu ficou comprovada por sua ficha criminal e outros registros penais. O juiz considerou sua conduta social desfavorável, uma vez que ele utilizou o nome de outra pessoa para escapar do cumprimento do mandado de prisão emitido contra ele.
Leite também ressaltou a personalidade de Delgatti como um aspecto negativo. O hacker exibiu publicamente suas condutas ilícitas, materializadas nas imagens encontradas em seu computador. Ele qualificou seus atos criminosos como uma “ajuda ao povo brasileiro“, o que demonstra a falta de arrependimento e o desejo de se destacar.
Segundo o juiz, não há dúvidas de que Walter era o líder da organização criminosa. Ele aproveitou as facilidades oferecidas por cada um dos denunciados para garantir o sucesso de suas atividades ilegais.
As condenações de Delgatti estão previstas no Código Penal e na Lei de Interceptação Telefônica. Entre os crimes pelos quais foi responsabilizado estão invasão de dispositivo alheio, organização criminosa, lavagem e ocultação de bens, direitos e valores.
O hacker de Araraquara foi preso durante a Operação Spoofing em julho de 2019, após admitir ter invadido o Telegram das autoridades. No entanto, em setembro de 2020, sua prisão preventiva foi revogada e ele passou a ser monitorado por tornozeleira eletrônica.
Delgatti voltou a ser preso em duas ocasiões subsequentes. A última delas ocorreu por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, devido à suspeita de invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para inserir documentos e alvarás de soltura falsos no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP).