O governo de Israel concordou em realizar uma pausa nas operações militares no norte de Gaza por quatro horas diárias a partir desta quinta-feira, 9. Essa decisão foi anunciada pela Casa Branca, representando o primeiro sinal de alívio no conflito que tem causado milhares de mortes e feridos na região.
De acordo com o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, essas pausas permitirão que as pessoas possam fugir pelos dois corredores humanitários estabelecidos. O governo israelense garantiu que não haverá operações militares nessas áreas durante a pausa, considerando esse passo como um movimento na direção correta.
Essas pausas, que serão anunciadas com três horas de antecedência, surgiram após discussões entre autoridades dos Estados Unidos e de Israel nos últimos dias. Incluindo conversas entre o presidente americano Joe Biden e o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu. O secretário de Estado americano Antony Blinken também se reuniu com Netanyahu e com o presidente israelense Isaac Herzog para buscar medidas concretas que possam minimizar os danos aos civis em Gaza.
Os Estados Unidos acreditam que essa solicitação de pausas é diferente de um cessar-fogo geral, pois a administração Biden considera que isso beneficiaria o Hamas. No entanto, Biden está enfrentando uma crescente pressão para responder ao que grupos humanitários estão chamando de crise urgente para os civis em Gaza. A região enfrenta escassez de alimentos, água, medicamentos e combustível. Durante uma arrecadação de fundos em Minneapolis na noite de quarta-feira, 1º, o presidente Biden foi confrontado por um manifestante pedindo um cessar-fogo.
Na semana passada, um representante do Hamas, Abu Hamid, afirmou que o grupo só libertará os reféns detidos se Israel concordar com um cessar-fogo e parar de bombardear o enclave. Hamid deixou claro que o Hamas pretende libertar prisioneiros civis. No entanto, ele alertou que isso exigiria um ambiente calmo e alegou que os bombardeios israelenses já mataram 50 reféns.
Por sua vez, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, descartou os pedidos por um cessar-fogo total em Gaza. Durante uma coletiva de imprensa em Tel Aviv, ele afirmou que os bárbaros estão dispostos a lutar, referindo-se ao movimento palestino radical Hamas. Ele também afirmou que os combatentes do Hamas fazem parte do “eixo do mal”, junto com o Irã.
Na noite de quinta-feira, o Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, declarou que tanto o Hamas quanto Israel cometeram crimes de guerra desde o início do conflito no mês passado. Türk descreveu as atrocidades cometidas pelos grupos armados palestinos em 7 de outubro como hediondas, brutais e chocantes, caracterizando-as como crimes de guerra. Ele também mencionou a contínua prisão de reféns como uma violação dos direitos humanos.
Segundo informações do Ministério da Saúde de Gaza, que é controlado pelo Hamas, já foram registradas 10.569 mortes na região desde que Israel decidiu responder ao ataque surpresa realizado pelo grupo terrorista em 7 de outubro. Esse ataque resultou na morte de 1.400 pessoas e deixou mais de 240 reféns.