O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), durante um evento de inauguração de um contorno rodoviário na BR-101, em Serra, no Espírito Santo, nesta sexta-feira (15). Lula elevou o tom dos ataques e chamou Bolsonaro de “facínora” e “aquela coisa”, além de acusar o adversário político de usar a fé dos evangélicos.
Essas declarações vêm após Lula ter afirmado algumas vezes que não falaria mais sobre o governo de Bolsonaro. No entanto, o presidente tem citado e criticado publicamente o governo do atual mandatário.
Em um evento anterior, no dia 22 de novembro, Lula já havia chamado Bolsonaro de “gente ruim” por liderar um governo que gostava de brigar. Durante uma cerimônia do programa Minha Casa Minha Vida, no Palácio do Planalto, Lula destacou que ele não quer ter inimigos, mas sim amigos.
No dia anterior ao evento no Espírito Santo, Lula fez uma fala emocionada sobre educação e cuidar das pessoas durante uma cerimônia no Planalto. Na ocasião, ele afirmou que o país voltou a ser governado por alguém que tem vergonha na cara e trata os diferentes como iguais. O presidente também usou o termo “furacão do mal” para se referir a Bolsonaro, sem citá-lo nominalmente, em ambos os discursos.
Essas declarações contradizem a promessa de Lula de não falar sobre o governo de Bolsonaro. Em uma cerimônia de sanção da duplicação de um trecho da rodovia BR-423 em Pernambuco, no dia 8 de novembro, Lula afirmou que não falaria uma vírgula do governo anterior, pois, para ele, ele não existiu. No entanto, durante o mesmo discurso, ele declarou que encontrou o país semidestruído quando foi eleito.
Lula costuma criticar o país deixado por seu antecessor e apontar um desmonte de políticas públicas. Em uma live semanal no final de outubro, o presidente afirmou que houve utilização da máquina pública pelo governo passado para evitar uma derrota eleitoral. Essa crítica também é usada pela equipe econômica do ex-mandatário.
Durante sua visita às obras do novo Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa) no Porto Maravilha, no Rio de Janeiro, Lula voltou a se referir a Bolsonaro como negacionista. Ele afirmou que as pessoas não precisam gostar dele ou do PT, mas há outras pessoas para gostarem, e não é necessário gostar de um negacionista como Bolsonaro.
Apesar de Lula falar frequentemente sobre o governo anterior, são raras as menções diretas ao ex-chefe do Executivo. Em um discurso no Planalto em junho deste ano, ele afirmou que o país passou por um período muito obscuro, referindo-se aos anos de 2019 a 2022.
Uma das únicas vezes nos últimos meses em que Lula mencionou seu adversário de forma mais direta foi em julho, após Bolsonaro ser declarado inelegível pela Justiça Eleitoral. Na ocasião, ele afirmou que o problema da Justiça não passa e não mexe com a tranquilidade do governo.
Essas declarações de Lula mostram que as críticas ao governo de Bolsonaro continuam mesmo após o presidente ter afirmado que não falaria mais sobre seu adversário. A polarização política entre os dois líderes se mantém e promete seguir presente no cenário político brasileiro.