O Brasil está empenhado em buscar uma solução pacífica para a disputa territorial entre Venezuela e Guiana pela região da Guiana Essequiba. O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, convocou um referendo sobre a anexação da região, o que pode comprometer a estabilidade do continente.
Fontes do governo brasileiro afirmam que o país defende uma solução pacífica para essa controvérsia e busca relembrar o compromisso de consolidação de uma Zona de Paz e Cooperação entre os Estados americanos. O Itamaraty está tratando do assunto de maneira reservada com os envolvidos e outros atores regionais, buscando evitar um aumento da tensão pública.
A situação entre os dois países envolvidos está tensa. Nas redes sociais, Maduro tem feito publicações em defesa da incorporação da região, alegando que ela pertence à Venezuela por herança histórica. No entanto, o clima entre os países é delicado e as negociações estão sendo acompanhadas pela Corte Internacional de Justiça (CIJ) em Haia, Holanda.
O referendo marcado para dezembro de 2023 tem alta chance de ser aprovado, segundo especialistas. A Venezuela caminha para eleições gerais em 2024 e a incorporação da região é uma demanda histórica do país. Além disso, a Venezuela não reconhece a CIJ como instância competente para julgar o processo, o que dificulta as tentativas de negociação.
Uma das preocupações levantadas é que a disputa entre Venezuela e Guiana possa levar a um conflito militar semelhante ao da Rússia e Ucrânia. O apoio dos Estados Unidos à Guiana, devido aos interesses comerciais envolvendo a exploração de petróleo na região, e o interesse da Rússia nas reservas petrolíferas venezuelanas tornam o cenário ainda mais complexo.
A discussão sobre a disputa territorial também preocupa o Brasil, que pode ser indiretamente afetado. Analistas políticos afirmam que o Itamaraty poderá ter que assumir um posicionamento mais contundente para evitar que a escalada das tensões respingue nas regiões próximas. Por outro lado, há quem acredite que o Brasil não será diretamente afetado e que a controvérsia já se estende há anos sem uma posição clara do país.
Além disso, o Brasil tem interesse na recuperação da Venezuela, pois isso beneficiaria o comércio bilateral e abriria espaço para investimentos no setor petrolífero. O plano brasileiro é reforçar o compromisso com a Zona de Paz e Cooperação, um tratado iniciado pelo país que visa promover a cooperação regional e a manutenção da paz na região do Atlântico Sul.
No entanto, especialistas alertam que o Brasil precisa ir além dessa narrativa e reforçar que a eventual anexação da Guiana Essequiba pela Venezuela poderia prejudicar as negociações entre os venezuelanos e os Estados Unidos em relação aos embargos econômicos impostos ao país.
A disputa territorial entre Venezuela e Guiana é um assunto delicado que precisa ser acompanhado de perto, pois pode comprometer a estabilidade da região. O Brasil está empenhado em buscar uma solução pacífica e reforçar o compromisso com a Zona de Paz e Cooperação, mas é necessário estar atento aos desdobramentos dessa controvérsia.