A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (12) uma operação para combater o tráfico de drogas e o desvio de toneladas de produtos químicos utilizados na produção de crack. A droga, que tem um alto valor no mercado, está avaliada entre US$ 3 mil e US$ 5 mil por quilo.
Os agentes estão cumprindo 18 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Minas Gerais e Paraná. O principal alvo da operação é a Anidrol, uma indústria química sediada em Diadema, na Grande São Paulo, que tem como um dos donos o influenciador fitness Renato Cariani, conhecido por suas dicas de exercícios físicos e dietas nas redes sociais.
Renato Cariani, que possui mais de 7,2 milhões de seguidores no Instagram, também está sendo alvo das buscas. Nas redes sociais, ele se apresenta como professor de química e educação física, além de fisiculturista, atleta profissional, empresário e youtuber. O influenciador costuma compartilhar fotos ao lado de celebridades e em viagens por destinos turísticos renomados.
A investigação teve início em 2022 após uma farmacêutica multinacional informar à Polícia Federal que havia recebido notificações da Receita Federal sobre notas fiscais faturadas em seu nome, com pagamento em dinheiro e não declaradas. A empresa afirmou que nunca adquiriu os produtos em questão e que desconhecia os fornecedores e depositantes mencionados nas notas fiscais.
Com base nessas informações, a PF descobriu que o grupo investigado emitiu e faturou notas fiscais fraudulentas em nome de três grandes empresas: AstraZeneca, LBS e Cloroquímica. O esquema criminoso utilizava empresas licenciadas e laranjas para realizar depósitos em espécie, como se fossem funcionários das multinacionais, a fim de adquirir os produtos químicos necessários para a produção de crack.
Ao todo, foram identificadas 60 transações dissimuladas relacionadas à atuação dessa organização criminosa, totalizando aproximadamente 12 toneladas de produtos químicos. De acordo com a Polícia Federal, essa quantidade seria suficiente para produzir mais de 19 toneladas de cocaína e crack prontos para consumo.
As pessoas envolvidas nesse esquema responderão pelos crimes de tráfico equiparado, associação para fins de tráfico e lavagem de dinheiro. As penas podem chegar a mais de 35 anos de prisão. A operação, batizada de Hinsberg em referência ao químico Oscar Hinsberg, ocorre em conjunto com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo e a Receita Federal.
Até o momento, nem a empresa Anidrol nem o influenciador Renato Cariani se pronunciaram sobre as acusações. A investigação continua em andamento e novas informações serão divulgadas conforme o avanço das apurações.
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