A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira, 8, uma operação que tem como alvo aliados próximos do ex-presidente Jair Bolsonaro. Eles são acusados de participarem de um grupo criminoso responsável por uma tentativa de golpe de Estado.
Entre os principais alvos desta operação estão Valdemar Costa Neto, ex-deputado e presidente do PL; Walter Braga Netto, militar e ex-ministro do governo Bolsonaro; e o general Augusto Heleno, também membro do antigo governo. O general Paulo Sérgio Nogueira, responsável pela pasta da Defesa, e Anderson Torres, que era ministro da Justiça e Segurança Pública na gestão bolsonarista, também estão sendo investigados.
A lista de alvos foi revelada pelas jornalistas Andreia Sadi e Daniela Lima, do site G1. A Polícia Federal ainda não confirmou oficialmente o nome dos atingidos pela operação. Segundo as informações divulgadas, os endereços ligados ao almirante Almir Garnier Santos, que comandava a Marinha, e ao general Stevan Teófilo Gaspar de Oliveira, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército, também estão sendo alvo das buscas.
De acordo com a nota oficial da Polícia Federal, as ações desta quinta-feira têm como objetivo apurar a existência de uma organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, visando obter vantagem política com a manutenção do então presidente da República no poder.
Ao todo, são 33 mandados de busca e apreensão e quatro mandados de prisão preventiva, sendo dois deles contra os ex-assessores de Bolsonaro, Filipe Martins e Marcelo Câmara. Além disso, foram aplicadas 48 medidas cautelares diversas da prisão, como proibição de contato com os demais investigados, proibição de sair do país com entrega dos passaportes em até 24 horas e suspensão do exercício de funções públicas. Essas medidas restritivas também afetariam o ex-presidente Jair Bolsonaro.
A prisão preventiva de Marcelo Câmara e Filipe Martins, ex-assessores de Bolsonaro, ocorreu nesta quinta-feira. Eles são alvos da Polícia Federal na operação Tempus Veritatis.
Todos os mandados foram autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e estão sendo cumpridos nos estados do Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná, Goiás e no Distrito Federal.
A investigação revelou que o grupo político ligado a Bolsonaro se dividiu em núcleos. O objetivo era disseminar a ideia de fraude nas eleições de 2022 antes mesmo da realização do pleito. O grupo criminoso composto pelos aliados do ex-presidente buscava viabilizar e legitimar uma intervenção militar por meio de uma dinâmica de milícia digital.
O primeiro núcleo desse grupo atuava na disseminação de notícias falsas, alegando que as eleições que resultaram na vitória de Lula foram fraudadas. Eles também espalhavam teses falaciosas de que o sistema eletrônico de votação estava vulnerável.
Já o segundo núcleo do grupo bolsonarista promovia atos de violência para subsidiar um golpe de Estado. Segundo a Polícia Federal, esse núcleo contava com o apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais em um ambiente politicamente sensível.
A operação foi denominada Tempus Veritatis, expressão que significa “a hora da verdade” em latim. Os fatos investigados pela Polícia Federal nesta quinta-feira configuram, em tese, os crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.